Feliz Natal, Becas.
Querida Becas,
Aqui vai a prova do quanto significas para mim. Já não escrevia uma carta desde o tempo em que, acreditava que o Pai Natal existia, o Sporting ainda se lembrava do que era ser campeão, o Saramago, o Artur Agostinho, Raul Solnado e o Eusébio ainda existiam e que eu ainda pensava que um dia iria namorar com a Pamela Anderson.
Isto só para contextualizar e enquadrar esta façanha que demonstra o amor que tenho por ti!
Amor...
É de amor que esta carta trata. Do meu amor incomensurável e infindável que eu tenho por ti.
Sei que te devo muito. Sei que te devo mil e uma viagens a Lisboa para estar contigo, todas elas mais do que merecidas. Sei que te devo mais chamadas, mais mensagens, mais conversas, mais gestos e atitudes que demonstrem “ad eternum” que eu gosto de ti.
Foste, sem dúvida nenhuma, a primeira pessoa a ensinar-me como gostar realmente de alguém, e a coragem que é preciso para assumir esse passo. Encontraste e conheceste um menino, arrogante e convencido, mas que, hoje, levanta-se todos os dias, feito Homem, sempre tentando ser mais e melhor. Sim, fizeste-me melhor pessoa, e foste a primeira numa vida inteira a fazê-lo e a fazer valer a pena.
E prometo-te com o coração inteiro, que é tão meu quanto teu, que estarei sempre, mas sempre, do teu lado, como uma luz que brilha sem cessar, mesmo depois do primeiro de nós partir.
Não conheço palavras sinceras o suficiente para te descrever da forma que eu te vejo.
Tudo o que tu és, tudo o que tu passaste, todos os teus problemas, todos os teus defeitos e qualidades e todo o teu coração, tão pequenino e tão frágil e ao mesmo tempo tão grande e cheio de si, para mim é, tudo em si, um exemplo daquilo que todos devíamos seguir e aspirar a ser.
Com pouco mais do que a respiração, explicaste-me o infinito. E agora sim, acredito que é raro e lindo, aquilo que temos. Conheces-me por dentro e por fora, aceitando-me por aquilo que sou. Onde muitos passaram e não viram, tu encontraste-me e ficaste. Fazes-me sentir bem, apenas por existir.
Não posso deixar de te perguntar: quando é que te volto a ver? Sei e tentei escrever-te mais vezes, mas nunca encontrava o que escrever.
Devia ter escrito no início, como fazia o Eça de Queiroz em todas as suas cartas:
“Espero que esta carta te encontre bem de saúde...”
Espero mesmo!
Já te disse mil vezes mas aqui vai mais uma: quem me dera que vivesses mesmo aqui, ao pé de mim. Tenho sempre tanto para te falar, tanto para te mostrar e não, um telemóvel e um computador não resolvem tudo.
Quero acreditar que quando chegares a estas linhas, já te tenhas apercebido que estou a ter o momento mais piroso e lamechas da minha existência. É bom que esteja a valer o esforço e que desse lado já rolem algumas ou muitas lágrimas por essa linda face abaixo.
Só para teres noção, estou a escrever isto a um sábado à noite e já passam das três da manhã. Acho que é aquela hora em que a saudade bate com mais força.
O que vale é que eu sei que não há nada que te faça não gostar de mim. Não é?
Espero, também, que esteja tudo bem com a tua família e com as tuas amigas – quero lá saber dos teus amigos. Mando um beijo enorme para a tua mãe e um abraço sentido para o teu pai e para o teu irmão.
Um beijo enorme também para a descendente não assumida de mafiosos italianos – ter uma matriarca da família que fala 278 línguas é, no mínimo, suspeito –, espero que também esteja tudo bem com ela. Diz-lhe que pode me ligar sempre que lhe apetecer discutir com alguém, desde que o faça tendo a consciência que não vai ganhar a discussão. E diz-lhe para mandar um abraço meu ao Portas, que o homem, coitado, deve andar triste.
Mais beijos para a Verónica, para a outra Rita, e para todas as tuas amigas com quem tiras fotos e pões no facebook.
Desejo a todas, do fundo do coração, um Feliz Natal
Daqui, deste lado, está tudo bem. A minha mamã e o meu papá mandam-te beijinhos, e dizem que podes vir sempre que quiseres – tecnicamente não dizem porque não sabem que estou a escrever esta carta, mas se lhes perguntasse sei que era o que diriam. Já fazes parte da família, só falta mesmo apareceres nas fotos de família e começares a ir comigo a casamentos e baptizados daqueles primos da França para que seja oficial.
O Paulinho chega quarta-feira da Finlândia. Estou a morrer de saudades dele, não tens noção, e para o idiota era lhe igual se viesse ou não viesse. Diz que só tem saudades de comer uma francesinha e que por ele só vinha a Portugal para cortar o cabelo. É um otário, mas tenho saudades dele pra caralho – tinha que dizer um palavrão senão, não seria eu.
O meu sobrinho está enorme também, embora não o conheças, parece sempre bem falar da família toda. E a minha relação com o meu irmão mais velho, para já, está estabilizada, por isso, é só boas notícias.
Espero que 2016 te traga muitas mais vezes para junto de mim. Queria mesmo, por exemplo, levar-te comigo a ver um jogo do “nosso” Porto. Queria passar uma noite inteira na rua contigo, tal e qual como faço com os meus amigos, falando de tudo e nada, só mesmo para o tempo passar e fazendo companhia um ao outro. Queria mostrar-te Barcelos à noite, os tascos e as pessoas, o espírito e a proximidade. Queria fazer-te mais do campo e menos da cidade. Queria ter-te comigo nos meus anos, mas sei tambem que te devo me a mim nos teus anos, e lamento todos os que já perdi.
Queria tantas e mais tantas outras coisas, e sei que há de chegar o dia onde iremos fazer isso tudo e muito mais.
Até lá,
Quero só dizer que tenho saudades tuas.
Quero só dizer que te amo do fundo do meu coração.
Quero só dizer que foste, és e sempre serás especial para mim.
Quero só dizer que mudaste a minha vida, desde o primeiro segundo em que entraste nela.
Quero só dizer que já estou a dizer muitos clichés e que já me estão a acabar as frases feitas.
Que estejas bem. Que estejas feliz. E que fiques sempre assim.
Mas comigo por perto.
Do sempre teu,
Pedro